Depois de muitos anos comendo com as mãos, o homem medieval desenvolveu um instrumento para levar o alimento à boca. Segundo historiadores, a Idade Média (entre os séculos V e XV) é o provável período do surgimento do garfo, item fundamental em qualquer refeição civilizada até hoje.
No livro Invenções da Idade Média - Óculos, livros, bancos, botões e outras inovações geniais, Chiara Frugoni diz que um dos primeiros testemunhos iconográficos do garfo remonta ao século XI. Em uma iluminura do Códice das Leis Lombardas, do início daquele século, o rei Rotaris empunha um garfo.
Do século XII é a primeira representação da Última Ceia na qual um garfo está sobre a mesa? uma figura do Jardim das Delícias, da abadessa Herrad de Landsberg, do convento de Hohenberg. "Não sabemos se o acréscimo foi uma orientação pessoal da comitente, originado pelo hábito das boas maneiras; em todo caso, assemelha-se muito aos verdadeiros garfos medievais que chegaram, sabe-se lá por meio de que peripécias, ao Museu Horne em Florença", escreveu Frugoni.
A historiadora conta ainda que o uso do garfo se generalizou com a difusão de um alimento tipicamente medieval, a massa, pois era o instrumento adequado para enrolar os fios. Uma curiosidade é que o garfo é visto pelos homens da igreja, neste período, como um objeto de perversão diabólica.
São Pedro Damião (1.007 - 1.072) descreveu assim o hábito da princesa bizantina Teodora, casada com o doge Domenico Selvo: "Não tocava os acepipes com as mãos, mas fazia com que os eunucos lhe cortassem os alimentos em pequenos pedaços. Depois mal os saboreava, levando-os à boca com garfos de ouro de dois dentes". A morte precoce e terrível da mulher, cujas carnes gangrenaram, foi vista como uma justa punição divina ao pecado.
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